DIESEL VERDE: UMA NOVA OPÇÃO DE BAIXO CARBONO PARA O SETOR DE TRANSPORTE

DIESEL VERDE: UMA NOVA OPÇÃO DE BAIXO CARBONO PARA O SETOR DE TRANSPORTE

Escrito por: João Carlos Sanches

20/09/2024

O chamado diesel verde ou diesel renovável, é um combustível líquido produzido a partir de resíduos de biomassas, com sua estrutura semelhante ao diesel produzido de origem fóssil. Sua característica o classifica como combustível DROP-IN, ou seja, um combustível com as mesmas características do combustível mineral encontrado no mercado e utilizados pelos veículos pesados como ônibus e caminhões, sem a necessidade de quaisquer alterações estruturais mecânicas nestes veículos para seu uso.

 

CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DO DIESEL VERDE

Na sua composição química, o diesel verde apresenta as mesmas características do diesel mineral, com a presença de Hidrocarboneto (HC), que completam as moléculas  de hidrogênio e carbono, evidenciando ganhos relevantes em seu processo funcional, com menor impacto ambiental, pois se mostra mais eficiente na combustão livre com a diminuição de viscosidade cinemática, o que evita maior esforço do funcionamento da bomba injetora, com diminuição residual de impurezas, melhorando a eficiência energética do motor em funcionamento.

 

BENEFÍCIOS DO USO DO DIESEL VERDE

Esses benefícios originam-se a partir da presença de moléculas de diesel verde na combustão livre do veículo em funcionamento, com o aumento da presença de CETANO, melhorando o tempo de ignição, tendo portanto uma queima completa do combustível na câmara, evitando com isso resíduos em sua queima com a presença de Hidrocarboneto (HC) e material particulado (MP), bem como a diminuição do enxofre (S), materiais nocivos a saúde humana e ao meio ambiente.

 

DEFINIÇÃO NACIONAL DO DIESEL VERDE

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por intermédio da Resolução ANP nº 842/2021, estabelece a especificação do diesel verde, bem como as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos que comercializam em território nacional, determinando que este ativo energético é um combustível composto de hidrocarboneto parafínico, ou seja, são compostos químicos de pouca complexidade, produzidos a partir de cinco métodos (rotas de produção), com matérias primas distintas.

 

DEFINIÇÃO NACIONAL DO DIESEL VERDE

A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por intermédio da Resolução ANP nº 842/2021, estabelece a especificação do diesel verde, bem como as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos que comercializam em território nacional, determinando que este ativo energético é um combustível composto de hidrocarboneto parafínico, ou seja, são compostos químicos de pouca complexidade, produzidos a partir de cinco métodos (rotas de produção), com matérias primas distintas.

 

PROCESSO DE PRODUÇÃO DO DIESEL VERDE

  1. Hidrotratamento de óleos vegetais (podendo ser residual ou in natura), de algas e de microalgas ou gordura animal;
  2. Gás de síntese (cuja a mistura é composta por H2, CO e CO2), proveniente de biomassa, via procedimento Fischer-Tropsch (conversão química na qual CO e H2, presentes no gás síntese, são convertidos em água e hidrocarbonetos com diferentes pesos moleculares);
  3. Fermentação de carboidratos presentes em biomassas;
  4. Oligomerização (é a combinação de moléculas menores (monômeros) para formar moléculas maiores (hidrocarbonetos) até atingir a fórmula do diesel verde;
  5. Hidrotermólise catalítica de óleos vegetais (in natura ou residual), de algas, de microalgas ou gordura animal.

 

O processo I, que utiliza o procedimento de produção com o método hidrotratamento, é o mais difundido em níveis globais de produção do diesel verde renovável, já sendo encontrado em escala industrial e com estado de desenvolvimento avançado. Neste método, óleos vegetais e gordura animal são pré-tratados para a remoção de impurezas, tais como: (metais, fósforo e nitrogênio) e, posteriormente, hidrotratados na presença de hidrogênio (H2), o que tornará a sua estrutura química semelhante ao diesel mineral de origem fóssil. O H2 é, também, responsável pera retirada das ligações duplas de oxigênio das moléculas de óleos e gorduras animais, contribuindo com isso, a possível aplicabilidade nos veículos movidos a diesel.

 

PROCESSOS TECNOLÓGICOS DE OBTENÇÃO DO DIESEL VERDE

 

Fonte: Elaboração CNT, com base em (i) EPE (2020); (ii) Neves e Harder (2021); (iii) Hu, Yu e Lu (2012); e (iv) Fu e Turn (2019). Acessos em: 22 jan. 2024. Links de acesso: (i) tinyurl.com/mr2rdzbw; (ii) tinyurl.com/ymkh5463; (iii) tinyurl.com/y9fsvcuj; e (iv) tinyurl.com/jmen3zsxx

 

 

O processo II nos mostra que o diesel verde pode também ser produzido a partir da queima de biomassa sólida (resíduos de madeiras e talos de palha), gerando o gás de síntese, sendo este submetido ao processo de Fischer-Tropsch na presença de catalisadores (ferro e cobalto), onde este é transformado em hidrocarbonetos e, após a quebra destas moléculas, na presença de (H2) – (hidrotratamento), é convertido em diesel verde.

 

O processo III é menos utilizado em escala industrial, a sua conversão de carboidratos de biomassa (açúcares), sofre o processo de fermentação, isso na presença de microrganismos geneticamente modificados.

 

O processo IV ocorre na transformação de álcoois, como o etanol, a partir da retirada da água presente nas suas moléculas, combinando cadeias para formar hidrocarbonetos, que posteriormente são hidrotratados e fracionados em biocombustíveis.

O processo V utiliza-se o calor da água (hidrotermólise) para transformar óleos vegetais e gordura animal em hidrocarbonetos, que posteriormente tratados na presença de (H2) e fracionados em reatores para se obter o diesel verde.

 

No próximo texto, traremos uma visão global sobre o uso deste combustível.

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