Estudioso critica o fim do trólebus em São Paulo

Estudioso critica o fim do trólebus em São Paulo

Escrito por: Marcelo Valladão

24/10/2023

 

Em entrevista ao Podcast do Transporte , Peter Norton, historiador e professor do Departamento de Engenharia e Sociedade da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, defende que o trólebus é o grande vencedor quando comparado com o ônibus elétrico a bateria.

 

Peter é autor do livro Autonorama, que será lançado dia 25 de outubro, às 16 horas, no congresso de mobilidade Arena ANTP, levanta a “obsessão pela novidade high tech” como algo que pode estar prejudicando a conversa sobre a tão necessária descarbonização e é categórico ao afirmar que os ônibus elétricos a bateria, além de trazerem o desafio das recargas, “são muito caros, têm alguns problemas estruturais por conta do peso das baterias, o que ainda causa um desgaste maior nas ruas e nos próprios ônibus. Sem falar no suprimento limitado do material necessário para se fazer as baterias e na problemática mineração dos seus componentes”.

 

Para Norton, ” seria muito melhor gastar seu dinheiro atualizando, melhorando, dando manutenção e substituindo qualquer coisa que você precise fazer para o trólebus continuar operando do que o substituir por veículos elétricos a bateria”.  E o pesquisador completa  dizendo que “Não basta apenas descarbonizar. Precisamos encontrar como mover as pessoas gastando menos energia e, em termos de eficiência energética, apesar de o trólebus parecer uma coisa ultrapassada quando colocado ao lado de um ônibus elétrico com baterias, se a gente fizer uma comparação real, o trólebus é o grande vencedor “.

Faz sentido aposentar o trólebus em São Paulo?

 

Perguntado diretamente pela reportagem do Podcast do Transporte sobre o projeto de aposentadoria do trólebus – ônibus elétricos conectados à fiação aérea – apresentado por Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo, Peter Norton  disse que a única justificativa possível seria a existência de alguma condição muito peculiar que ele desconheça e que, se esse não for caso, o melhor é manter e até investir mais em trólebus.

 

O professor ressalta ainda que não tem absolutamente nada contra a tecnologia de ponta: “O importante é analisar tudo e fazer escolhas baseadas no que de fato a tecnologia pode oferecer. A decisão não pode ser porque isso ou aquilo é mais chamativo, porque às vezes a novidade é o melhor que temos, mas nem sempre é assim”.

 

Projeto de desativação já está em curso

O prefeito Ricardo Nunes confirmou a intenção de desativar por completo, mas de maneira gradativa, o sistema de trólebus na capital. O argumento usado para justificar a medida é de que os trólebus atrapalham os projetos de aterramento da fiação e que o custo de manutenção da rede aérea sai a R$ 30 milhões por ano. O prefeito afirmou ainda que o fim dos trólebus será gradativo.

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