TRANSPORTE COLETIVO PARA UM BRASIL COLETIVO

TRANSPORTE COLETIVO PARA UM BRASIL COLETIVO

Escrito por: Mauro Herszkowicz

13/06/2025

Algumas agências de notícias divulgaram, recentemente, a intenção do governo federal de lançar um programa de concessão de linhas de crédito, para incentivar a compra de motocicletas por entregadores de aplicativos. A ideia é beneficiar a classe trabalhadora e movimentar a economia.

 

Em que pese a preocupação com a questão socioeconômica, a sinalização governamental deveria ser pelo estímulo ao uso do transporte coletivo e não à utilização do transporte individual e todas as suas consequências nocivas, tanto para o meio ambiente como para a saúde pública do país.

 

Nesse sentido, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) lançou, no final de maio passado, durante a apresentação da nova direção da entidade, o lema “O Brasil é Coletivo”, alertando para a possibilidade de as cidades brasileiras entrarem em colapso, caso o modelo baseado no transporte individual continue avançando, principalmente pela expansão dos serviços de aplicativos com motos. O transporte individual afeta negativamente o trânsito e a eficiência dos sistemas de transporte coletivo.

 

A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (FETPESP), desde o início deste ano, vem se manifestando contra a permissão do serviço de transporte individual por meio do mototáxi, que pode gerar um maior número de acidentes de trânsito nas cidades, aumentando o número de vidas colocadas em risco, além de provocar um impacto adverso significativo nos serviços públicos regulamentados de transporte de passageiros.

 

Para a NTU e a FETPESP, o transporte coletivo tem um papel importante na mobilidade e no cotidiano das pessoas e deve ser o eixo central do planejamento urbano.  Todos os esforços devem ser direcionados para a recuperação da demanda de passageiros registrada antes da pandemia do coronavírus, já que a queda no número de usuários contribuiu para um cenário deficitário das empresas operadoras e para o aumento dos custos e das tarifas.

 

Dados levantados pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), na Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana 2024, indicaram que, pela primeira vez, os deslocamentos por carros e motos ultrapassaram os feitos por ônibus, em algumas capitais do Brasil.

 

Por isso, é urgente que os investimentos e as políticas públicas priorizem a promoção da melhoria e expansão dos serviços de transporte coletivo, com aplicação de recursos na infraestrutura –  faixas exclusivas e sistemas rápidos e eficientes, como o Bus Rapid Transit (BRT) – ; na implementação de projetos de substituição da frota, com uso de veículos sustentáveis ambientalmente; e na adoção de subsídios aos passageiros, para assegurar a redução do impacto tarifário, principalmente para a população de baixa renda.

 

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