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Escrito por: Revista Sou + Ônibus
09/10/2025
Por Nathalia Abreu, especial para a Sou + Ônibus
Há cidades que se expandem muito além de suas fronteiras geográficas. São José do Rio Preto é um desses casos: nasceu como ponto de passagem no interior paulista e, em poucas décadas, se consolidou como polo de serviços, comércio e saúde para dezenas de municípios vizinhos.
É nesse contexto que surge a Expresso Itamarati. Fundada em 1951 por José Oger, a então Oger & Filhos em Novo Horizonte, pequena cidade próximo a Rio Preto, iniciou suas atividades com três jardineiras – pequenos ônibus antigos – que ligavam as cidades da região. O serviço, ainda modesto, passou a transportar moradores do entorno até o coração urbano, onde estavam o comércio, os hospitais e as escolas.
Ao longo das décadas, a Expresso Itamarati deixou de ser apenas uma empresa de ônibus para se tornar parte da memória coletiva. As partidas diárias rumo a pequenas cidades do interior paulista e as histórias de quem cruzava a região nestes ônibus ajudaram a consolidar seu lugar no imaginário local. Não à toa, falar da Itamarati é também falar da evolução de Rio Preto como centro irradiador de desenvolvimento.
Miniaturas estão em exposição na sede a empresa (Fotos: Divulgação/Itamarati)
Quando a cidade se firmava como referência em saúde e educação, a empresa passou a transportar diariamente milhares de passageiros em busca de consultas médicas, oportunidades de estudo e negócios. Esse movimento também impulsionava a economia local, enquanto a companhia ampliava frotas, diversificava serviços e incorporava novas tecnologias, acompanhando as rápidas transformações de um interior em urbanização acelerada.
Esse laço entre a história da empresa e a da cidade atravessou gerações. Da fase pioneira, marcada pelo improviso e pela força empreendedora da família fundadora, até a atualidade, quando a Itamarati integra um dos maiores grupos de transporte de passageiros do país, o vínculo com São José do Rio Preto e região permanece sólido.
A sede administrativa na cidade simboliza não apenas um negócio de sucesso, mas a continuidade de uma relação que começou no meio do século XX e segue até os dias de hoje.
Atualmente, diante de um cenário de transformação para o transporte coletivo, com desafios como a incorporação de novas tecnologias e a busca por soluções sustentáveis, a Itamarati continua escrevendo capítulos decisivos.
A partir dessa perspectiva histórica, o atual CEO da companhia, Gentil Zanovello Affonso, compartilha sua visão sobre os rumos da empresa para o futuro, as mudanças em curso e a responsabilidade de manter viva uma marca profundamente ligada à identidade da região e à memória afetiva do passageiro.
Gentil Zanovello, CEO da Itamarati (Divulgação)
SOU + ÔNIBUS – Como a Expresso Itamarati tem se posicionado para contribuir com o crescimento de São José do Rio Preto e região?
Gentil Zanovello Affonso – A empresa participa de todo o movimento de desenvolvimento da região, com atuação forte no agronegócio, por meio do fretamento, acompanhando de perto a melhoria do transporte nas usinas. Sempre investimos na qualidade do transporte do trabalhador, e, quando as usinas começaram a nos procurar, percebemos uma oportunidade concreta de contribuir, algo bem diferente da realidade de 15 anos atrás.
Além do fretamento, acompanhamos o desenvolvimento das linhas regulares – semiurbanas e rodoviárias – e estamos presentes sempre que há demanda viável. Recentemente, assumimos linhas na região de Ribeirão Preto que estavam desativadas, negociando com a prefeitura para restabelecer o serviço.
Temos a preocupação de atender todos os municípios em que atuamos, inclusive os menores, evitando que fiquem sem transporte público. Buscamos parcerias com prefeituras para que invistam em passes do transporte regular, ampliando a oferta e beneficiando toda a população, e não apenas os trabalhadores.
Ônibus atuais ao fundo, miniaturas dos diversos modelos, ao longo dos anos (Fotos: Divulgação/Itamarati)
No transporte rodoviário, calibramos os serviços para diferentes perfis de passageiros, oferecendo desde tarifas econômicas até serviços de leito, garantindo conforto inclusive em viagens noturnas.
SOU + ÔNIBUS – Pensando no turismo, de que forma a Itamarati contribui hoje para a conexão entre a região e os outros estados, além de conectar cidades pequenas do entorno?
Gentil Zanovello Affonso – Esse é o papel do transporte de longa distância. Por isso, quando se fala em abertura total do mercado, sempre reforçamos: é preciso ter responsabilidade. A empresa busca atender a população de forma universal. Sem isso, só haveria transporte nas grandes cidades, e as pequenas ficariam desassistidas.
Cabe ao Estado regular o sistema, para garantir que todos os municípios tenham transporte público funcionando. Defendemos isso e atuamos junto ao poder público para que todos os 645 municípios do estado sejam atendidos.
SOU + ÔNIBUS – Falando sobre a história da Itamarati, especialmente em São José do Rio Preto: no início, o trabalho do grupo era discreto, quase de formiguinha, e até enfrentava certa desconfiança por parte dos passageiros, como relata o livro “O lugar da pedra branca”, que conta a trajetória da empresa. Como você enxerga a relação entre a evolução da empresa e o crescimento econômico e social da cidade?
Gentil Zanovello Affonso – As empresas de transporte sempre estiveram muito atentas ao que acontece na economia e nos fluxos migratórios da população, entendendo onde há demanda de transporte.
Um exemplo é a linha que liga Rio Preto a Araputanga, cidade de Mato Grosso. Toda aquela região foi colonizada por pessoas daqui, criando vínculos familiares. Essa ligação atende tanto ao turismo familiar no cotidiano quanto às festas de fim de ano.
É uma espécie de pesquisa histórica também. Quando entramos em Alta Floresta, em Mato Grosso, foi assim: avaliamos para onde as pessoas daquela região precisavam ir. Parte do fluxo era regional, mas outra parte ligava a região a Cuiabá. O mesmo acontece em São Paulo: sempre avaliamos demandas de Rio Preto, Ribeirão Preto e a capital.
A mobilidade das pessoas reflete a evolução econômica das regiões. Há 20 anos, por exemplo, a demanda entre Rio Preto e Santa Fé era muito maior. Hoje, cidades como Votuporanga têm autonomia em saúde, lazer e serviços, reduzindo os deslocamentos. Mas surgem outras demandas, que acompanhamos constantemente.
Curiosidade
A palavra Itamarati vem do tupi-guarani e significa “pedra pequena e branca” ou “o lugar da pedra branca”. O nome carrega a herança indígena da região e acabou se tornando a marca da empresa.
SOU + ÔNIBUS – E o que significa, para a Itamarati, ter São José do Rio Preto como sua base nos dias de hoje?
Gentil Zanovello Affonso – Rio Preto é definitivamente uma cidade estratégica para nós e está bem posicionada para as nossas operações. Embora a empresa tenha nascido em Novo Horizonte, logo expandimos para cá. A cidade acolheu a Itamarati e crescemos juntos. Estar aqui facilita a gestão e o entendimento das demandas locais. É mais difícil compreender esses movimentos quando se está distante. Por isso, Rio Preto é fundamental para nós.
SOU + ÔNIBUS – Vocês têm uma forma de preservar a memória afetiva dos passageiros? Como mantêm essa relação de confiança construída ao longo dos anos?
Gentil Zanovello Affonso – Percebemos isso nas conversas com os passageiros[, que] dizem “Já viajei muito de Itamarati”, geralmente lembrando da época em que estudavam ou da infância. Essas memórias permanecem vivas.
Também preservamos essa história por meio das fotografias históricas dos ônibus e das miniaturas expostas, como as que temos na nossa sala VIP em Rio Preto. A pintura dos veículos marca épocas diferentes e gera identificação conforme o período em que a pessoa utilizou o serviço.
SOU + ÔNIBUS – Vocês têm alguma ação atualmente para valorizar o turismo local e reforçar esse vínculo com as comunidades vizinhas?
Gentil Zanovello Affonso – Buscamos sempre divulgar os eventos das cidades atendidas em nossas redes sociais, por exemplo, a fim de ampliar a visibilidade deles. Além disso, estamos reformulando nossa sala VIP na capital paulista, para retomar o espírito de “consulado do interior”, com fotos e referências às cidades que fazem parte da nossa história. A previsão é que o prédio seja entregue em novembro deste ano, com inauguração da nova sala prevista para março do ano que vem.
Também estamos implantando salas VIP em outras cidades, como Cuiabá (MT), sempre com a missão de oferecer conforto, segurança e tranquilidade no embarque.
SOU + ÔNIBUS – Tem alguma mensagem final que queira deixar?
Gentil Zanovello Affonso – Considero essencial reforçar o compromisso da empresa com o passageiro. Nossa missão é expressa no nosso slogan: trazer “mais felicidade nas estradas da vida”. Isso significa oferecer uma viagem tranquila, pontual, em veículos limpos e com bom atendimento.
Para a Itamarati, fortalecer a marca é essencial. Ela carrega memórias e confiança. É um diferencial na escolha do passageiro. Podemos até melhorar o preço ou oferecer outros benefícios para o passageiro, mas primeiro vem a identificação com a marca, e a Itamarati construiu isso ao longo da sua história.
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