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Escrito por: Revista Sou + Ônibus
15/10/2025
Por Nathalia Abreu
No setor de transporte de passageiros, historicamente dominado por homens, as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço e protagonismo. O movimento Elas no Transporte, criado em 2025, surge exatamente nesse contexto de transformação: não é apenas um encontro, mas uma comunidade que conecta profissionais, promove troca de experiências, oferece visibilidade e estimula mudanças culturais e estruturais nas empresas e instituições ligadas à mobilidade.
Idealizado pelas empresárias Luciana Herszkowicz e Niege Chaves, o movimento tem como propósito fortalecer a liderança feminina e ampliar a atuação das mulheres no setor, gerando um impacto duradouro e fomentando oportunidades de desenvolvimento.
Elas no transporte, iniciativa terá novos encontros em 2026 (Fotos: Divulgação)
Para 2026, o Elas no Transporte já tem mais de um encontro planejado e promete ampliar o alcance e a participação feminina no setor.
A revista Sou + Ônibus conversou com Luciana Herszkowicz, que detalha os próximos eventos, os objetivos de expansão do movimento e como ele continua a transformar a mobilidade por meio da equidade de gênero.
SOU + ÔNIBUS – Na sua experiência, quais são os principais obstáculos que ainda impedem as mulheres de conquistar espaço no setor de transporte? Você acredita que as empresas já estão preparadas para oferecer um ambiente mais acolhedor e igualitário?
Luciana Herszkowicz – Ainda esbarramos em três muros: o tradicionalismo, um ambiente patriarcal e a falta de rede de apoio. Em muitas empresas de transporte, a sucessão passa de pai para filho, a gestão opera no tradicional em todos os sentidos e a liderança feminina vira exceção simbólica: a famosa “única da sala”. Na operação, pesam a infraestrutura (que é pensada para homens), as escalas pouco humanas e o medo de assédio. O descrédito técnico (“será que ela dá conta de um trabalho que é dito como masculino?”) soma-se à “penalidade da maternidade” e à invisibilidade de cases.
As empresas estão preparadas? Uma minoria sim, porque existem políticas e o ESG (Ambiental, Social e Governança) entrou no roteiro. Porém, o gap entre a bela apresentação no Power Point e a garagem ainda é grande. Há avanços pontuais, mas o setor como um todo está acordando, e não estamos prontos. Quem tratar equidade como alavanca de performance vai liderar a mudança.
A verdade nua e crua: aquela ideia de dizer que “sempre foi assim” não é estratégia. Equidade de gênero não é favor, é correção de terreno competitivo. Oferecer equidade melhora a segurança, a experiência do cliente (levando em consideração que boa parte dos usuários são mulheres), a inovação e a imagem pública, reduzindo também o turnover.
SOU + ÔNIBUS – Na sua visão, o que poderia ser feito, dentro e fora das empresas, para valorizar ainda mais o papel das mulheres que atuam diretamente na operação do transporte?
Luciana Herszkowicz – Para valorizar quem está na operação – sejam motoristas, sejam cobradoras, mecânicas ou eletricistas – o caminho é dar voz, visibilidade e vias de crescimento. Nós podemos implementar ações simples, como: contar histórias reais dessas profissionais em campanhas, vitrines internas e prêmios; ajustar o básico (como vestiários, uniformes, protocolos antiassédio e escalas previsíveis); abrir trilhas de formação (CNH D/E, elétrica/eletrônica embarcada), com bolsas e parcerias técnicas; reconhecer o desempenho com salário e carreira, e não só aplaudir o esforço. Fora dos muros, conectar com escolas, SENAI [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial], guardas municipais e projetos comunitários para atrair novas candidatas.
Acredito na combinação de visibilidade para mulheres que já atuam no setor e exercem um papel essencial, com oportunidades de formação, planos de carreira e um ambiente seguro para crescer e se desenvolver. Movimentos que promovam a equidade de gênero são fundamentais para estimular o diálogo e, com isso, gerar mudanças concretas.
Em um único encontro, o movimento Elas no Transporte, por exemplo, reuniu mulheres que já geram resultados em suas empresas, mas que até então não tinham espaço, incentivo ou rede de apoio. A fórmula foi simples: criar um ambiente seguro e inspirador para troca, visibilidade e construção coletiva.
O resultado? Conexões que se transformam em projetos, indicações de vagas, parcerias, fortalecimento da autoestima profissional e um pipeline concreto de lideranças. Não se trata mais de um evento isolado, mas de uma infraestrutura de capital social para um setor que precisa evoluir. Quer acelerar a mudança? Escale o movimento: promova encontros segmentados, trilhas de desenvolvimento, banco de palestrantes e mentoras, e envolva parceiros comprometidos com o propósito.
SOU + ÔNIBUS – Sobre a possibilidade de uma nova edição do evento, você já tem alguma previsão ou pode compartilhar quando ela deve acontecer?
Luciana Herszkowicz – O Elas no Transporte 2025 foi um sucesso: 92% dos participantes disseram que recomendariam o encontro, refletindo o alto engajamento. O evento proporcionou networking qualificado, consolidou a prova de conceito e estabeleceu bases sólidas para a expansão em 2026, com repercussão nacional, reforçando o posicionamento do movimento como referência na mobilidade.
Para 2026, a agenda já está definida. Teremos dois encontros voltados para mulheres que são líderes no setor (empresárias, executivas, líderes e tomadoras de decisão nas empresas de transporte).
O primeiro será o Evento Master, [a ser] realizado em junho. Estamos planejando um evento maior, com cerca de 160 a 180 participantes, em um espaço inovador e sofisticado, que estimule a troca de experiências, a conexão entre as participantes e ofereça um ambiente seguro para todo tipo de diálogo. É também uma excelente oportunidade para patrocinadores, oferecendo alto alinhamento emocional e institucional, contato direto com as principais lideranças femininas do setor, espaços personalizados de ativação, cotas com diferentes níveis de visibilidade e participação em momentos de prestígio.
Além disso, teremos o Elas no Transporte Pocket, um encontro menor, para cerca de 60 mulheres, com conteúdo sob medida e atividades mais intimistas, que valorizam a escuta e o diálogo. Acontecerá em um espaço inovador, com ambientação estratégica e elegante, oferecendo uma experiência equilibrada entre conteúdo relevante, conexão emocional e leveza. As participantes terão visibilidade diferenciada em um ambiente fora do convencional, e poderão atuar de forma ativa, com espaço para fala, experiências práticas e conteúdos cocriados.
Também estamos planejando visitas técnicas e outros encontros ao longo do ano.
Essa matéria também foi destaque em nossa revista impressa, Edição 53. (pág.32)
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